jogue agora [2]

Rodrik: Ah, ok, a porta trancou sozinha, mas vai assoar esse nariz, pelo amor. *Fiquei sem paciência e fui entrar no quarto pela janela, que estava sempre aberta. Caí lá dentro e vi a ruiva, mas esfreguei os olhos pra saber se eu não tinha batido a cabeça, ou algo parecido*

Heike: *Sentada na cama com pernas de índio, e os dois braços apoiados entre elas.* A cama é minha.

Rodrik: Ah, ela bebeu de novo, ctz. *Tentei agir naturalmente* A casa é minha, o quarto é meu, agora sai.

Heike: Não são seus, são dos seus pais. E eu estou sóbria.

Rodrik: Tanto faz. Ah, está sóbria? Então ótimo, não tem mais desculpa pra dormir aqui. Vamos, levante-se.

Heike: Foda-se. De agora em diante, vou morar aqui. *Deita-se de lado na cama, abraçada ao travesseiro*

Rodrik: Ué, te expulsaram da biblioteca? Fiquei sabendo que você estava passando a noite lá. Explique-se, ao menos. *Sentei na cadeira de frente para a cama*

Heike: Venho de uma família constituída por um homem muçulmano, que tem oito mulheres. Cada uma delas tem cerca de um filho ao ano, e a casa está cada vez mais cheia. Chegou um momento em que tava vazando pirralho por tudo quanto é canto e tivemos que guardá-los, inclusive, nos armários. É igual a coelhos brancos, só que não são cheirosos. Resumindo: Eu tenho casa, mas não posso ficar lá. E não quero. Bj.

Rodrik: Ah, que estranho. Mas por que aqui? Não tem amigos? Acho que gosta de mim.

Heike: Não conheço a casa de mais ninguém, e a sua não é um barraco como as outras. Não te apruma, guri. *Revira os olhos, ainda deitada*

Rodrik: Brincadeirinha. *Virei a cadeira para parede, pensativo* Queria eu que você não estivesse grávida, para poder te tacar longe daqui. *Vira-se para ela* Mas como eu tenho pena de adolescentes-grávidas-mulheres-de-muçulmanos, vou deixar. E não te apruma, guria. *Levantei e fui arrumar meu material na mochila*

Heike: Acho que gosta de mim. *Comendo uma rosquinha de morango*

Rodrik: Pff, gosto de virgens. E fique quieta, se souberem de você, não vou ter pena de te mandar pra fora. *Ainda estava organizando a bagunça*

Heike: Acho que é por isso que gosta tanto de sí mesmo. Se sua namorada perder a virgindade, vai abandoná-la? Pff. *Dá a última mordida no doce e fecha o pacote, bebendo o resto do refri*

Rodrik: Cala a boquinha. Tu não sabe nada.

Empregada: Ô MLK, QUANDO VOU PODER ARRUMAR O TEU NINHO?

Rodrik: A-AMANHÃ QUANDO EU FOR PARA A UNIVERSIDADE. Pode ir embora agora.

Empregada: Hoje tem. *Sai da casa sambando*

Heike: *Joga as próprias coisas em cima do criado mudo e pega sua escova de dentes, entrando no banheiro do quarto*

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